História

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Santuário do Senhor Jesus da Piedade

O Santuário do Senhor Jesus da Piedade, ou Igreja do Senhor Jesus da Piedade, é uma igreja-santuário cristão em honra do Senhor Jesus da Piedade, localizado na cidade da qual é padroeiro, a cidade de Elvas, em Portugal.

História

A primitiva igreja do Senhor Jesus da Piedade foi construída em 1737, no local de um antigo cruzeiro de madeira que assinalava a morte de um lavrador da Torre das Arcas, erguido por iniciativa do Padre Manuel Antunes.

As medições no terreno foram efetuadas pelo medidor oficial do concelho, António Gomes Mena, a 20 de novembro de 1752. A licença para a escritura foi concedida no dia 19 de dezembro de 1752 e a obra, projetada pelo elvense João Fernandes, inicia-se a 11 de agosto de 1753, data da bendição da primeira pedra. A igreja ficou pronta no dia 13 de outubro de 1754, apesar de sofrer várias ampliações até 1779.

O Santuário do Senhor Jesus da Piedade foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 25 de julho de 2014.

Características

A igreja do Senhor Jesus da Piedade é um excelente exemplo do período barroco no reinado de D. João V; o exterior da igreja, marcado por duas torres com cúpulas bolbosas, tem um frontão de alvenaria com a inscrição "Snr. Jesus da Piedade". O adro, projetado para acolher os romeiros, apresentai nos seus muros um revestimento de azulejos do século XVIII.

O interior da igreja é composto de uma única nave. A capela-mor, bem como os dois altares laterais, são de mármore do século XVIII, da autoria de José Francisco de Abreu. Estes altares laterais apresentam telas pintadas que representam a Nossa Senhora da Graça e o Arrependimento de São Pedro, da autoria de Cyrillo Volkmar Machado.

As outras dependências da igreja, com exceção da sacristia, constituem um pequeno museu de ex-votos dedicados ao Senhor Jesus da Piedade

Nota Histórico-Artistica

No contexto da arquitectura portuguesa de Setecentos, marcada por um forte eclectismo resultante de diferentes confluências de inspiração nacional e internacional, a igreja do Senhor Jesus da Piedade, em Elvas, constitui um dos mais significativos exemplos das experiências barrocas do reinado de D. João V. Todavia, ao contrário do que acontece noutros templos alentejanos, também eles inscritos no ciclo de influência de Mafra, o modelo do Senhor Jesus da Piedade parece não derivar do grande monumento joanino, mas sim da convergência entre a tradição nacional e o barroco da Europa Central, como veremos mais à frente.

Edificada em 1753, a igreja veio substituir uma pequena capela, que havia sido construída poucos anos antes, em 1737. É possível que a exiguidade do primeiro espaço tivesse levado à sua ampliação, pois a romaria a este templo (de 20 a 23 de Setembro) era considerada uma das mais concorridas da região. O adro que lhe fica fronteiro, com a sua escadaria, corrobora esta ideia, uma vez que estes terreiros, de alguma amplitude, tinham como principal função receber os crentes, substituindo assim os longos escadórios dos santuários do Norte do país. Nos muros, o revestimento azulejar polícromo data já da segunda metade do final do século XVIII.

A igreja desenvolve-se em planta longitudinal, de nave única. A fachada é marcada por torres, coroadas por cúpulas bolbosas, implantadas obliquamente em relação ao alçado, formando um losango, o que constitui uma solução quase única no nosso país (ver igreja da Senhora da Graça da Atouguia da Baleia), embora comum na Europa Germânica e no Brasil. Estas, formando com o corpo central uma espécie de contracurva ou harmónio, têm o poder de conferir à fachada uma forte unidade. Contudo, as duas correntes a que nos referimos inicialmente encontram-se aqui bem presentes. Seguindo, novamente, a leitura de Paulo Varela Gomes, percebemos como as cúpulas e o frontão são elementos barrocos, enquanto a linearidade dos restantes elementos (portal com frontão curvo, janelão recto...), com as pilastras a evidenciar a depuração do alçado, estão mais próximos da arquitectura de tradição nacional. Por sua vez, a influência da Europa Central faz-se sentir na ambiguidade ou não funcionalidade específica de determinados elementos, como é o caso do frontão.

No interior, a nave é revestida por mármores de diferentes tonalidades. Tem dois altares laterais, de mármores polícromos, com telas pintadas por Cyrillo Wolkmar Machado, representando Nossa Senhora da Graça e o Arrependimento de S. Pedro. Dois púlpitos também de mármore, exibem motivos dourados, e o coro assenta em arco abatido. A ligação entre o corpo da nave a capela-mor é feita através de um corpo com os cantos cortados, que forma um octógono, numa solução também original. Na capela-mor, o retábulo foi executado no mesmo material que os restantes altares, encontrando-se, no pavimento, uma lápide sepulcral onde se refere que Roperto Manoel Marques e Vas.os, cavaleiro de sua majestade e padroeiro da igreja, mandou fazer da capela-mor jazigo para si e seus descendentes, no ano de 1779.

Desconhecemos o autor de tão interessante risco, embora recentemente, Vítor Serrão tenha apontado, com bastantes reservas, o nome de José Francisco de Abreu, arquitecto alentejano ainda pouco conhecido mas com obra comprovada em Elvas e Vila Viçosa.

Uma última referência para a sacristia, com tecto pintado, portas com almofadas entalhadas e douradas, e revestimento azulejar polícromo.

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O Milagre

Reza a lenda, que num dia de Verão, deslocando-se na sua montada, o padre Manuel Antunes dirigia-se para a Horta dos Passarinhos descendo pela encosta da Porta da Esquina em direção ao Sítio

da Saúde, quando a sua mula se espantou e o fez cair ao chão. Levantando-se, atordoado, conseguiu voltar a montar a mula e prosseguiu novamente em direção ao seu destino. Contudo, a mula

escabreada, fê-lo cair de novo ao chão, desta vez com maior aparato e causando-lhe maior dano.

Bastante combalido, rodeado de olivais e sozinho, o pobre padre vê-se desamparado, agarra nas

rédeas da mula e procura de qualquer forma alcançar a Horta dos Passarinhos onde o esperavam e o podiam socorrer e tratá-lo das mazelas que sofrera nas quedas. Mas começam a faltar-lhe as

forças, e, exausto, encosta-se a um cruzeiro muito gasto que havia à beira do caminho.

Este cruzeiro, localizado no Sítio da Saúde por onde seguia a estrada que conduzia a Varche, era um montículo de pedras encimado por uma cruz de madeira muito gasta, e marcava o local onde tinha perecido há anos atrás um lavrador da Torre das Arcas.

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Contactos

Telefone – 268622877

Telemovel – 965526264

Morada

Estrada da Piedade, 17

7350-112 Elvas